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#ColetivoDeSaberes discute sobre Marcas de Proveniência
A webconferência foi promovida pela equipe do projeto de extensão A reconstrução da memória do CCA: coleções bibliográficas, especiais e históricas em parceria com a Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Agrárias (BSCCA), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O professor da UNIRIO Fabiano Cataldo de Azevedo prontamente aceitou o convite para participar desse momento. Atencioso, com um grande repertório sobre o tema e bastante experiência prática, direcionou sua fala a partir de mais de 200 perguntas feitas com antecedência por alguns inscritos. Antecipou também todo o material exposto, bem como diversas fontes de informações e links que foram previamente enviados aos participantes. O tema, bastante convidativo, atraiu principalmente profissionais que trabalham com áreas da Ciência da Informação, ligadas a preservação, conservação, coleções especiais e obras raras. Era um público bem direcionado de todo o Brasil e até de fora dele. Divididos entre a sala de transmissão da plataforma, que somavam 75 pessoas e o link de transmissão para os demais que somaram mais de 1100 acessos, de diversas instituições (sendo mais de 100) puderam assistir e se comunicar com o palestrante. Participou também da conferência a vice-reitora da Universidade Federal da Paraíba a professora Bernardina Maria Juvenal Freire de Oliveira.
permitem estabelecer o itinerário geográfico e intelectual dos livros e identificar seus antigos donos e leitores
Fabiano Cataldo definiu a temática “marcas de proveniência”, a partir do aspecto prático: “As marcas de proveniência permitem estabelecer o itinerário geográfico e intelectual dos livros e identificar seus antigos donos e leitores”. Explicou ainda o porquê de dar atenção e necessidade de estudar as marcas de proveniência e de que não seria perda de tempo estudá-las, pois, segundo ele “estamos vivendo a vingança da catalogação, da bibliografia material” já que essas disciplinas foram retiradas dos currículos, sob a alegação de obsoletas e de não acompanharem a tecnologia, e agora a biografia material nunca foi tão importante e tão falada. Há nas bibliotecas um mar de imagens digitalizadas sem sentido, não indexadas, pois não há metadados, daí a importância de estudar e conhecer a história por trás das imagens. Sendo este o que ele julga de um dos maiores problemas para os bibliotecários que trabalham com coleções especiais: muitos sabem identificar as marcas de proveniência, o que falta é a fundamentação para compreender e descrever as marcas de proveniência.
Afirma ainda que há a consciência da prática, o profissional sabe, por exemplo, reconhecer um ex líbris, mas falta a consciência teórica. Nesse sentido, o bibliotecário precisa praticar o exercício da unicidade de cada exemplar, examinando item por item em processos como doações e compra de coleções. Ele chama a atenção também sobre a necessidade de estabelecer critérios para o processo de descarte de livros, pois bibliotecas privadas e institucionais estão sendo descartadas sem critério algum, o que é ligeiramente danoso para a instituição, pois nas palavras do professor, é o mesmo que “matar um funcionário antigo” e com ele todas as memórias institucionais.
Em duas horas de fala ele comentou sobre temáticas como a história do livro, bibliografia material, identidade, redes, memória institucional, patrimônio, segurança, fontes de pesquisa, descrição e valoração, relacionando-as com o conceito de marcas de proveniência. Ele afirmou que esse estudo de marcas de proveniência precisa fazer parte da rotina da biblioteca universitária para formação identitária da coleção. Cataldo ainda indicou vários livros, exibindo em sua câmera todos eles e listando-os em referências disponibilizadas posteriormente.
Ele ainda apresentou algumas tipologias de marcas de proveniência: ex libris, carimbos, etiquetas, ex dono, dedicatória, folha de guarda, super libris, anotações manuscritas, marginálias, encadernações, marcas d´agua, entre outros.
No percurso final de sua fala, Cataldo reforçou a necessidade de identificar as marcas de proveniências e colocá-las descritas em catálogos, porém, é imprescindível analisar o nível de segurança da biblioteca para torná-las públicas. Por fim ressaltou: “identificar, pesquisar e analisar as marcas de proveniência bibliográficas não é um preciosismo ou algo diletante, mas uma ação política extremamente importante no gerenciamento de uma biblioteca”.
Os mediadores Juccia Nathielle e Edilson Targino agradeceram e realizaram a mediação das perguntas feitas por todos durante a fala do professor. Houve bastante interação e mais de 20 perguntas foram respondidas.