Comissão de docentes visita comunidade quilombola para discussão sobre implantação de projeto de cafeicultura

(Fotos e informações: Prof. Manoel Bandeira) 

No último dia 05 de maio, o prof. Manoel Bandeira (Diretor do CCA), acompanhado dos professores Rosivaldo de Sá Sobrinho (Chefe do DCFS) e Guilherme de Podestá (Chefe do DFCA) visitaram a Comunidade Quilombola Senhor do Bonfim com o intuito de apresentar àquela comunidade uma proposta de projeto para o resgate da cultura do café.

Recebidos pelo Presidente da Associação, o sr. José Fernando Gomes de Maria, e membros da comunidade e com a presença do Vereador Irisvaldo Silva do Nascimento, foram apresentados os projetos em andamento no CCA e uma proposta de apoio para implantação da cultura do café na comunidade, dentro de um modelo de cultivo tradicional, agroecológico e de comércio justo.

Com uma área de 122 hectares, localizada no distrito de Cepilho, Areia-PB, a comunidade já possui pequenos cultivos com uma variedade de café remanescente das antigas variedades cultivadas na região. Segundo o prof. Manoel Bandeira, identificar essa variedade e caracterizá-la quanto ao seu potencial produtivo é fundamental para o projeto: “Aparenta ser uma variedade bastante adaptada à região e pode vir a apresentar um terroir único, quando comparado aos materiais testados hoje no Campus do CCA. Mesmo que venha a ter uma produtividade ligeiramente mais baixa, só o fato de, potencialmente, ser uma variedade secular (o que traz em si um grande apelo histórico e comercial), sendo produzido numa comunidade tradicional, de forma orgânica, haverá agregação de valor ao café cultivado na Comunidade Quilombola.”

O prof. Rosivaldo informa que “a partir da conversa com os agricultores foi confirmado o interesse deles na participação do projeto de cafeicultura, em desenvolvimento no CCA, pela possibilidade de esta cultura vir a contribuir com a diversificação da produção da comunidade que é fundamentada no manejo orgânico e agroecológico. E ainda pelo potencial econômico da produção de café em pequena escala”.

Segundo o professor Guilherme Podestá, há relatos de ocorrência de plantas de café em Areia, desde sua fundação. Entretanto, seu ápice ocorreu entre o final de 1800 e início de 1900, quando o município chegou a possuir cerca de 6.000.000 de pés de café cultivados, gerando riqueza e emprego para muitas famílias. A decadência da cultura se iniciou por volta de 1920, com a ocorrência de uma praga (Cerococcus parahybensis) aliado à falta de assistência e investimentos nas lavouras, o que praticamente dizimou as plantações. Em 2016, iniciaram-se os esforços para o resgate da cultura na região, com testes de adaptação de variedades ao clima local. Atualmente, os trabalhos contam com 27 genótipos e muitos deles apresentando boa adaptabilidade. A próxima fase da pesquisa será levar os materiais mais promissores para comunidades e produtores locais, visando ao estabelecimento de pequenos cultivos na região.

Segundo o Prof. Manoel Bandeira, novas visitas estão em planejamento para a divulgação da proposta: “Em breve pretendemos visitar outras comunidades tradicionais locais para divulgar esta iniciativa promissora para a Região do Brejo Paraibano. Esta ação conta ainda com o apoio do Prof. Leossávio César, especialista em café e docente do Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais. Além disso, já estamos em contato com 15 propriedades na cidade de Areia interessadas em cultivar café no Brejo dentro de um contexto de produção de um café gourmet e por isso contamos também com a parceria da Associação de Turismo de Areia, a ATURA”.